quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Parlamentares do DF irão ao Peru para cobrar respostas ao desaparecimento de Artur Paschoali

By Myrcia Hessen, do R7






Mãe de Artur, Susana Paschoali, se reuniu nesta semana com representantes da Frente Parlamentar
Divulgação



A família do estudante brasiliense Artur Paschoali, desaparecido há mais de dois e meio em Santa Teresa, no Peru, motivou a criação de uma Frente Parlamentar de Apoio às Famílias de Pessoas Desaparecidas na Câmara Legislativa do Distrito Federal. O presidente do grupo, deputado Wellington Luiz, contou ao R7 DF que a frente já conseguiu, junto à presidente da Casa, Celina Leão, autorização para enviar uma comitiva ao país a fim de pressionar as autoridades peruanas a darem uma resposta sobre o caso.



— Eu sou policial, não teria dificuldades [em ajudar nas investigações]. Nossa ideia é pressionar o governo peruano para ter atitudes práticas na ação do Artur. Isso porque, pelo que o Wanderlan Paschoali [pai de Artur] nos conta é que as investigações são atrasadas, morosas e nós corremos contra o tempo. É um brasiliense que sumiu em caráter estranho, sem resposta, vamos cobrar.



Os componentes da Frente Parlamentar marcaram uma reunião com a família de Artur na próxima semana para apresentar tudo que já conseguiram por meio de investigações particulares e discutir detalhes da viagem dos parlamentares ao país. Segundo Wellington, ainda não se sabe quantas pessoas farão parte da comitiva, mas o objetivo é bem definido.



—A presidente já disse sim, já deu o ok para a viagem, mas ainda precisamos saber em que caráter, se ela vai liberar apenas deputados ou deputados e assessores. Tudo isso ainda vai ser discutido na semana que vem.



As investigações particulares feita pelos familiares do Artur levou as autoridades peruanas a converter a investigação do caso para delito criminoso e não mais como desaparecimento de pessoa. Assim, uma nova investigação foi aberta há pouco tempo e a polícia acabou encontrando vestígios de sangue na casa do dono do bar para quem o jovem trabalhava antes de sumir. Com isso, a PCDF (Polícia Civil do Distrito Federal) decidiu elaborar uma representação facial do Artur com progressão de idade atualizada por meio de um retrato digital para ajudar nas investigações.



Para a mãe de Artur, Susana Paschoali, o apoio dos parlamentares é essencial para que o caso seja solucionado, já que a polícia peruana sempre coloca muitos empecilhos durante as investigações.



— Eles não valorizam [a investigação] porque é rotineiro por lá. Então, dizem que não tem quem ajude, dizem que as estradas não são boas e não dá. Meu marido fez a investigação sozinho. Vamos pedir uma reunião junto com o fiscal da nação, que é igual a PGR (Procuradoria Geral da República) daqui, que coordena as investigações. Durante a reunião de ontem, já havia perito da PCDF se dispondo a ir para lá ajudar, dar um apoio nos testes de luminol. Ficamos felizes. É um apoio que nunca tivemos.



Na época em que sumiu, Artur tinha 19 anos e, até agora, a família segue com poucas notícias. O casal foi até o Peru várias vezes para fazer trabalho de investigação policial com esperança de encontrar o filho. Mas, até hoje, tinha encontrado apenas uma camisa e ficaram sabendo que ele trabalhou em um restaurante da região.



Depois de muita luta para provar que um casebre isolado da cidade pertencia ao ex-patrão de Artur, eles conseguiram que a polícia fosse até o local e jogasse uma substância chamada luminol no local para descobrir se havia manchas de sangue por lá. Isso porque moradores da região relataram ter ouvido gritos do jovem saindo daquela casa.



— O sangue foi encontrado, mas não tivemos autorização para trazer o material ao Brasil e fazer o teste de DNA. Segundo eles, se viesse para o Brasil não teria validade [nas investigações de lá]. Então, ficamos receosos de interferir no processo com o país e criar uma dificuldade maior, que eles não quisessem mais nos ajudar.



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Mesmo dois anos e meio depois, Susana diz que continua lutando porque não consegue conviver com a dúvida. Ela diz que não come direito, porque imagina que seu filho pode estar passando fome no Peru. Para ela, Artur pode estar vivo, sendo escravizado no país ou ainda sofrendo como indigente, sem memória.



— Não queremos justiça, não estamos preocupados com o que vai acontecer com o dono do restaurante [onde Artur trabalhou], nós queremos é ter a paz de imaginar que o Artur está tranquilo.



A família do jovem desaparecido já gastou mais de R$ 200 mil com investigações particulares e tem encontrado dificuldades para continuar, já que o pai dele vendeu a lanchonete que tinha para dar início à busca e segue desempregado durante todo esse tempo. A mãe, que é servidora pública, precisa ficar em Brasília para trabalhar e arcar com os custos do marido no Peru.



— Como servidora pública eu consigo empréstimos mais fácil, meu filho mais velho também contribui. Mas agora falei para ele voltar porque o dinheiro acabou, já fizemos isso quatro vezes, de voltar, respirar e só então ir de novo para o Peru.


Via:: R7



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