quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Professores prometem intensificar movimento grevista e situação delicada com o governo do DF pode piorar

By Myrcia Hessen, do R7






Polícia do DF reagiu à manifestação dos professores com truculência
Divulgação/Sinpro-DF



Os professores do Distrito Federal estão indignados com a ação violenta da polícia durante a manifestação desta quarta-feira (28). Para eles, houve truculência durante a desobstrução das principais saídas de Brasília: na altura da 116 sul e na 215 Norte, na Ponte do Bragueto.



Segundo o Sinpro (Sindicato dos Professores), o objetivo da manifestação era apenas cobrar o pagamento da tabela salarial vigente, que prevê reajuste em outubro deste ano, mas os manifestantes foram detidos e alvejados com balas de borracha, supostamente a mando do governador Rodrigo Rollemberg, nem nenhum motivo aparente.



O diretor do Sinpro, Luis Alberto, era um dos responsáveis pela negociação entre os manifestantes e a polícia do DF. Segundo ele, um capitão chamado Thales tinha deixado certo a retirada dos professores de forma pacifica. Contudo, quando os professores estavam entrando nos carros para desobstruir a via, a polícia chegou com bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha.



— Estava tudo certo para fazer a retirada, eu estava informado os professores que era para sair e, de repente, a ação truculenta começou. Não teve outra alternativa a não ser correr. Quem autoriza a polícia fazer isso é o senhor governador, não havia a menor necessidade dessa ordem para arrancar dos carros, bater. Nunca tinha visto algo assim na vida, meus olhos ardiam, fiquei sem ar.



Durante a confusão, cinco professores e dois rodoviários acabaram presos e, por isso, a categoria prometeu intensificar a greve para dar uma resposta ao Governo do DF.



— Nós já fizemos um ato pacifico hoje em repúdio a violência e também protocolamos um documento na Comissão de Direitos Humanos da Câmara Legislativa do DF para que o governador explique os motivos de agir de forma arbitrária e truculenta. Ele vai ter que explicar essa atitude intransigente.



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Protesto no DF acaba com professores detidos após confronto com a polícia



A Casa Civil do DF nega que uso de bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha para conter os manifestantes tenha sido ordem do governador Rodrigo Rollemberg. Além disso, garante que já foi feito um pedido de análise criteriosa a fim de saber se houve, ou não, excessos por parte da Polícia do DF. Contudo, o órgão pondera: a polícia tem, de fato, que exercer seu papel de garantir a liberdade de toda a população e destaca que ontem, na Saída Sul, uma ambulância ficou presa no trânsito por mais de meia hora em um congestionamento – o que é inconcebível.







Cinco professores e dois rodoviários acabaram presos. Eles foram levados para a 1ª DP (Delegacia de Polícia)
Divulgação/Sinpro-DF



Para o professor do Instituto de Ciência Política da UnB (Universidade de Brasília), David Fleischer, a confusão entre policiais e professores demonstra uma “agressividade da categoria” e pode enfraquecer a luta por melhorias salariais. Além disso, ele garante que não há a menor possibilidade de o GDF (Governo do Distrito Federal) efetue o pagamento do reajuste prometido para este ano – principal reivindicação dos professores.



— [O Sinpro] fez uma aliança muito forte com o ex-governador Agnelo Queiroz, que aprovou esse reajuste como um presente bomba para o Rollemberg. Foi um buraco de cinco dígitos que ele deixou, ele [o Agnelo] sabia que o governo teria condições zero de honrar com o aumento em outubro de 2015. Os salários estão sendo pagos e esse aumento está fora da Lei de Responsabilidade Fiscal. Mas, a situação também deixa o Rollemberg mal também, porque ele fica obrigado a usar a polícia para bater e prender professores, mas quando eles atrapalham a ordem pública a situação fica muito desagradável [para a população].



O professor do Departamento de História da UnB, Antônio Barbosa, compartilha da mesma opinião de Fleischer. Para ele, impedir o cidadão de ir e vir não é aceitável em um Estado Democrático de Direito e vai contra a autoridade do Estado.



— Claro que deve ter sido ele [Rollemberg] que mandou, porque a Polícia Militar e a Civil estão sob administração dele. Prefiro não entrar em detalhes se houve excessos ou não, mas, num Estado Democrático de Direito é a lei que sobressai sobre todas as outras coisas e todos nós temos que nos sujeitar a ela e o sindicato não está fazendo isso porque a greve foi declarada ilegal e resolveram não só fazer uma manifestação, mas atingir o cidadão o impedindo de voltar para casa.



O secretário da Casa Civil Sérgio Sampaio se reuniu nesta quinta-feira (29) com os líderes sindicais para tentar mostrar a eles que o governo realmente não tem condições de pagar o reajuste salarial. Ele quebrou o sigilo e mostrou o extrato do governo a fim de tentar negociar o fim das greves.



Em nota enviada ao R7 DF, a Polícia Militar do DF garante que foram feitas diversas tentativas de negociação. Sem acordo, foi necessário o uso progressivo da força para garantir a liberação da via e que os policiais aggiram de acordo com o que manda a legislação, respeitando os direitos humanos.


Via:: R7



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