domingo, 28 de junho de 2015

Com um ano de atraso, reforma no Teatro Nacional custará R$ 70 milhões a mais que o previsto

By Rodrigo Vasconcelos, do R7






Tapumes protegem a entrada do Teatro Nacional, mas a obra não começou
Rodrigo Vasconcelos / R7



Se antes servia como palco para grandes companhias teatrais e apresentações da Orquestra Sinfônica de Brasília, hoje o Teatro Nacional Cláudio Santoro serve apenas como o local de serviço para os vigilantes. Aos turistas ávidos para conhecer a obra de Oscar Niemeyer, eles avisam que o local está fechado. Deveria estar em reforma desde junho do ano passado, quando o Governo do Distrito Federal planejava gastar R$ 150 milhões. Por conta da demora, o orçamento necessário subiu para R$ 220 milhões.



O teatro foi fechado em fevereiro do ano passado, por recomendação dos bombeiros e do Ministério Público, por 113 problemas de estrutura e acessibilidade. No mês seguinte, o governo Agnelo Queiroz (PT) chegou a publicar um edital para a licitação das obras, mas parou por aí. Já em 2014, o valor previsto para a obra tinha subido para R$ 200 milhões, e agora ficou R$ 20 milhões mais caro no projeto arquitetônico mais recente encomendado pelo GDF.



Desde então, o local está coberto por tapumes, cercado por lixo e, segundo denúncias, virou ponto de encontro para usuários de drogas. A Sala Martins Penna, cujos holofotes brilhavam para grandes atores como Paulo Autran e Fernanda Montenegro, agora oferecem riscos de acidentes em meio ao escuro, como alertam os seguranças.



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Tudo fechado: principal teatro de Brasília e mais quatro espaços culturais estão sem previsão de reabertura



O ex-presidente do Conselho de Cultura do DF, Hans Tramm, lamenta a estagnação da reforma por se tratar do único local com capacidade de público que as grandes companhias nacionais de teatro requerem nas apresentações. Em Brasília, não há outro teatro com capacidade que passe de 1,5 mil pessoas. Só que o prejuízo do fechamento afeta também os produtores culturais menores.



— Essa demora atrapalha porque deixamos de receber grandes espetáculos. As grandes companhias não tem lugar na cidade porque os outros teatros são pequenos. De modo que são muitos os prejuízos, inclusive para a arrecadação do GDF e para o incentivo a cultura, pois os recursos do FAC (Fundo de Apoio a Cultura) vinham do Teatro Nacional.



A Secretaria de Cultura do DF afirma que precisou juntar dinheiro nos primeiros cinco meses deste ano para pagar R$ 1 milhão que estava atrasado do FAC de 2014. Diante desta dificuldade financeira, o secretário da pasta, Guilherme Reis, avisa que o GDF não tem verba para bancar o início da reforma, e que buscou nesta semana uma solução junto ao Ministério da Cultura para um possível consórcio público.



— Estamos trabalhando várias alternativas que vão desde o andamento dessa obra em partes, buscando recursos de outra forma, e também fazendo estudo de gestão compartilhada. Também estamos abertos a propostas da iniciativa privada. Não significa privatizar, mas sim encontrar formas de dar retorno para o investimento privado.



Reis denuncia que o Teatro não teve investimento durante muitos anos, com manutenção falha e parcial, e está desatualizado tecnologicamente e em termos de legislação e acessibilidade. Para o secretário, o local precisa avançar para se modernizar em termos cênicos e de conforto do público, e que uma das partes mais caras do projeto consiste em resolver problemas de acústica, o que mexe profundamente no desenho original de Niemeyer.



História







Seguranças vetam entrada da Sala Martins Penna para evitar acidentes
Rodrigo Vasconcelos / R7



As obras do Teatro Nacional começaram meses depois da inauguração de Brasília, no dia 30 de julho de 1960, mas levaram mais de 20 anos para ficarem totalmente prontas. Só no aniversário da cidade de 1981, as salas Villa-Lobos, Martins Penna e Alberto Nepomuceno foram entregues ao público. Do lado de fora, os famosos cubos nas paredes norte e sul, além de 3,6 mil vidros nas fachadas leste e oeste. Os foyers com azulejos de Athos Bulcão se tornaram o limite imposto pela segurança à reportagem do R7.



Atualmente, a Orquestra Sinfônica de Brasília teve de parar os ensaios no local, e hoje se apresenta no Centro de Convenções Ulysses Guimarães. Tramm faz um apelo para que o governo busque outras formas de financiamento para revitalizar o único teatro com alcunha de Nacional do Brasil.



— Foi a obra mais demorada e mais carinhosa de Brasília. É fácil falar que faltam recursos, mas é preciso ter criatividade e ir atrás do dinheiro, nem que seja por uma campanha para reabrir o teatro.



Com mais de 30 anos de existência, o Teatro Nacional tem também seus folclores. Em 1989, foi rebatizado com o nome de Cláudio Santoro, pois naquele mesmo ano, o maestro morreu durante uma apresentação da Orquestra Sinfônica. Desde então, funcionários relatam momentos de terror, influenciados pelas lendas de fantasmas que frequentariam os corredores e passagens subterrâneas do prédio piramidal.


Via:: R7



Com um ano de atraso, reforma no Teatro Nacional custará R$ 70 milhões a mais que o previsto

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